Em que camas andamos a deitar-nos? Eugénia de Vasconcellos deita-nos em quatro camas politicamente incorrectas. Deitamo-nos numa cama de casal, é certo, mas uma cama de casal é para quantos? Quantas vezes nos deitamos a pensar que somos dois e descobrimos que afinal somos três? E se formos quatro? E se uma cama de dois não for sempre a mais feliz das camas?
Deitamo-nos em quatro camas. Numas há escândalo, noutras frustrações, em muitas há pecado e culpa. Agora, digam: se uma cama não for uma cama de religião, arte e emoções, se para a cama não levarmos pensamento e os cinco sentidos, poderá essa cama ser uma cama de desejo?
A cama em que nos deitamos é antiquíssima. Este é o livro que vai deitá-lo numa cama de bom sexo, colchão e lençóis novíssimos.
Eugénia de Vasconcellos tem 45 anos - e gosta: diz que, para uma maioria de pessoas, os vinte e os trinta são uma chatice formativa de onde, às vezes, não se sai jamais. Porém dos enta em diante, a idade oferece a possibilidade de retorno à la carte ao paraíso adâmico, risonho e vagamente perverso, da infância. Com a vantagem de se regressar com uma biblioteca, não apenas de livros, mas daquilo de que eles são feitos no lugar mais interno das palavras: a vida por todos os lados e a arte nos espaços em branco. O Amor. Diz estar convicta de que melhor do que os 45 só os 46, 47 e por aí adiante. E que da sua boca não sai, ai quem me dera ter outra vez vinte anos. Só um: ai quando tiver cinquenta...
Está segura de ter muita sorte: o melhor Cão do mundo é o seu. A melhor mãe e a melhor irmã. E os melhores diabinhos, perdão, sobrinhos, também. As melhores amigas.
Se no cinema do céu caiu uma estrela, a ela caem-lhe pessoas com estrela. Podia cantar-lhes Cole Porter e Sinatra: you´re the top, you´re coliseum…
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