domingo, 20 de janeiro de 2013

Lua de Sangue (Nora Roberts)

Quando tinha oito anos, Tory Bodeen e a sua única amiga marcaram uma noite de aventura no pântano. Mas tudo acabou em tragédia. Mais uma vez, Tory foi espancada pelo pai devido aos seus dons invulgares e, por isso, ficou trancada no quarto. Hope foi até ao local combinado, mas o que encontrou foi o atacante que lhe pôs fim à vida. Na sua mente, Tory viu tudo e, no dia seguinte, contou. Mas ninguém quis acreditar nos seus dons de clarividência e todos preferiram julgar que ela estivera no local e fugira, assustada. Foi o início do caminho que afastou Tory de Progress. Mas agora, mais adulta e habituada à desilusão, Tory julga ser tempo de voltar ao lugar onde cresceu, construir o seu lugar e, se possível, descobrir o que aconteceu à amiga. E, se é certo que nem todos se sentem felizes com o seu regresso, Tory não está disposta a deixar-se afugentar. Nem mesmo sabendo que o assassino de Hope continua por perto.
O mais interessante deste livro - como em vários outros da autora - está na capacidade desta de construir uma história em que, ainda que o romance seja parte essencial do enredo, há mais de relevante a acontecer para lá da relação entre os protagonistas. A história de Cade e de Tory, e de como a relação entre ambos evolui, partindo da relutância inicial (principalmente da parte de Tory) e crescendo no sentido de uma maior proximidade, apesar de todos os problemas e da oposição de alguns elementos da família de Cade. Há bastante romance, é claro, mas este surge enquadrado numa história maior, da qual o mistério da morte de Hope é apenas uma das grandes questões.
Não há grandes elaborações a nível de escrita, mas a história é contada com fluidez e envolvência. Há, também, um interessante contraste entre os momentos leves e divertidos e o lado mais sombrio associado tanto ao assassino de Hope como ao passado de Tory. Passado que evoca também algumas questões importantes, principalmente no que respeita ao tema da violência doméstica, ainda que não seja este o tema principal. Além disso, há a capacidade de Tory de ler sentimentos e acontecimentos, dom que, além de acrescentar algo de problemático às suas relações, torna mais interessante o seu percurso, quer por definir a sua tentativa de se fechar a qualquer dependência dos outros, quer pelos sentimentos contraditórios que o seu conhecimento lhe desperta.
No que respeita ao mistério, há alguns momentos mais previsíveis, principalmente nas questões associadas ao pai de Tory, mas há também algumas surpresas, sendo de realçar o final que, apesar de um pouco abrupto, consegue surpreender. Quanto à parte romântica, quer no que diz respeito a Tory, quer na história de Faith, a resolução também não é propriamente inesperada. Ainda assim, a empatia entre personagens e a forma como o contraste entre personalidades realça essa empatia acaba por compensar os momentos mais previsíveis.
Envolvente e de leitura agradável, com bastante de romance e um toque de humor, Lua de Sangue apresenta uma história leve, mas com um lado sombrio particularmente interessante. Uma boa história, portanto, com personagens cativantes e muitos bons momentos. Gostei.

1 comentário:

  1. Não sabia da existência deste livro, mas fiquei interessada. Vou tentar encontrá-lo para ler :)
    Beijinho

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