É este um romance luminoso, em que a história contemporânea de Timor-Leste se transforma e resplandece no transbordante prazer de contar histórias. Histórias todas elas pontuadas por movimentos de navios: o Arbiru, que desapareceu um belo dia, o Lusitânia Expresso, que nunca pôde trazer o auxílio português, e a nau Vitória, que aportou em Timor e na qual viajava António Pigafetta, o cronista da primeira viagem de circum-navegação. E todas elas são contadas e reinventadas pela voz da narradora, a sandália esquerda da Carolina, filha de um empresário e integracionista confesso. O romance inclui generosamente todos os que participaram na construção do país: os que ficaram e os que partiram, os que lutaram e os que colaboraram; as mulheres que perderam os maridos e tiveram de pedir «protecção» aos agentes dos invasores, em suma, todos os timorenses, sem censurar uns e outros, e com um enorme sentido de humor e uma profunda humanidade em que todos têm direito ao seu lugar.
Luís Cardoso nasceu em Kailako, uma vila no interior de Timor que aparece por diversas vezes referenciada nos seus romances. É filho de um enfermeiro que prestou serviço em várias localidades de Timor, razão pela qual conhece e fala diversos idiomas timorenses. Estudou nos colégios missionários de Soibada e de Fuiloro e, posteriormente, no seminário dos jesuítas em Dare e no Liceu Dr. Francisco Machado em Díli. Licenciou-se em Silvicultura no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa. Desempenhou as funções de Representante do Conselho Nacional da Resistência Maubere em Portugal. É autor de outros quatro romances: Crónica de Uma Travessia (1997), Olhos de Coruja Olhos de Gato Bravo (2002), A Última Morte do Coronel Santiago (2003), Requiem para o Navegador Solitário (2007).
Sem comentários:
Enviar um comentário