Vivem-se tempos conturbados em Ultimatus. Há conflitos pendentes entre os diferentes clãs, e a morte do rei James, cuja tirania excluiu do poder todos os seres não humanos, pouco fez para atenuar as divergências. Agora, o conselho julga que é tempo de instaurar um novo rei, um reconhecido como sendo o mais capaz. Para isso, decretam um torneio entre clãs, vencendo aquele cujos campeões derrotarem os dos seus adversários, sem tirar vidas. O problema é que nem todos parecem dispostos a aceitar as regras. Há quem tenha planos maiores. E, no centro deles, está Urkon, humano, mas campeão do clã dos vampiros, que deseja apenas libertar-se da sua missão para partir em busca da desaparecida Leonore. Mas os seus planos pouco interessam para quem se move nos caminhos da intriga...
Intrigante quanto baste, mas, por vezes, difícil de seguir, este é um livro com alguns pontos fortes, mas também claras fragilidades. Há aspectos bastante bons e, inclusive, alguns momentos muito bons, mas há problemas a contrariar estes pontos de interesse, deixando, assim, sentimentos contraditórios.
Começando pelos pontos fortes. A ideia geral é bastante interessante, tanto a nível de história como de sistema. Talvez não seja completamente nova, com os diferentes clãs e os inevitáveis conflitos, mas há uma base interessante e capaz de despertar curiosidade. Questões como os planos misteriosos de Sharko, o passado de Urkon e a sua muito enigmática busca por Leonore contribuem também para manter o interesse, mesmo quando os acontecimentos se tornam mais confusos. E, por último, quando a personalidade das personagens principais é mais desenvolvida, surgem bons momentos de empatia e traços de um carácter cativante. Em tudo isto, portanto, há bastante potencial e, sendo este apenas o início de uma série, muitas questões interessantes a explorar.
Quanto às fragilidades, dizem respeito essencialmente a dois aspectos. O primeiro é a escrita, que teria beneficiado substancialmente de uma boa revisão. Abundam as frases incompletas, as palavras utilizadas num sentido errado, os erros de concordância e de ortografia. Tudo situações que, porque frequentes, dificultam substancialmente a leitura, mas que seriam facilmente resolvidas com um pouco mais de atenção à revisão. A segunda questão diz respeito à organização das ideias: há relações complicadas entre várias personagens, intriga entre clãs, revelações do passado e, claro, um sistema considerável a explorar, mas grande parte do enredo centra-se na descrição de batalhas. Disto resulta que muitos dos restantes elementos são abordados de forma algo vaga e um pouco confusa, sendo difícil, por vezes, acompanhar as motivações dos envolvidos.
A impressão que fica, por isso, é a de uma ideia muito interessante, mas cuja concretização fica, em alguns aspectos, aquém das expectativas. Fica, ainda assim, e principalmente devido ao potencial do sistema e a alguns momentos bem conseguidos, alguma curiosidade em conhecer a evolução do enredo e das personagens. Que têm, apesar de tudo, alguns aspectos bastante interessantes.
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