domingo, 30 de dezembro de 2018

Balanço de 2018

Mais um ano a chegar ao fim... e como o tempo voa! Quase parece que foi ontem que estive aqui a fazer a meu balanço de 2017 e, bem, cá estamos nós outra vez.



2018 foi um ano interessante, um ano de novas oportunidades e de algumas decisões necessárias, do contacto de sempre com os amigos dos livros (sim, porque quem diz que as amizades feitas na internet não são a sério não conhece a gente dos livros que eu conheço) e de visitar uma Feira do Livro diferente (este ano, foi a vez da do Porto). Foi um ano profissionalmente produtivo e também um ano de muitas leituras, que somaram o belo total de 301 livros lidos (sim, com alguns livrinhos de poucas páginas pelo meio, e também com um ou outro calhamaço). E boas, principalmente. Tão boas que foi particularmente difícil escolher os melhores do ano entre tanta coisa fantástica que me passou pelas mãos. Mas tem de ser, não é? Por isso, cá vai...


Sim, vou começar pelo segundo volume da série, mas não temam. O primeiro vem já a seguir. E começo por este porque foi precisamente este o livro mais marcante de um ano particularmente proveitoso em termos de leituras. Se o primeiro me tinha enchido o coração de todas as maneiras (já lá iremos), este eleva todas as qualidades do anterior a um novo nível. Erlan torna-se ainda mais notável, a história torna-se ainda mais intensa e devastadora e o mundo expande-se ao ritmo das batalhas e tragédias das suas personagens. Tudo magnificamente escrito, claro, e com uma força tal que é quase como se estivéssemos lá ao lado de Erlan... nos momentos de glória e nos de dor.


E eis o primeiro... que vem logo, logo a seguir no lugar especial que ocupa no meu coraçãozinho negro. Este é o início da história, o que fez de Erlan a alma atormentada que ele virá a ser, as primeiras dores, os primeiros conflitos, as primeiras perdas... e a conquista de um lugar para si num mundo em constante mudança. Erlan é admirável, é complexo, é fascinante. E o mesmo se aplica a tudo o que o rodeia. Este - tal como o volume que se segue - é um livro repleto de acção, de emoções fortes, de intriga, de traição e fascínio... E é mágica a forma como nos vemos transportados para lá. Um exemplo perfeito do que é a magia dos livros. 


Continuando na senda das leituras fascinantes... Este é daqueles que prende logo desde a premissa, com a sua viragem do poder em consequência de um estranho dom desenvolvido pelas mulheres. É todo um mundo novo, cheio de revoluções e também de crueldades, com personagens marcantes, momentos dramáticos e um cenário que não pode deixar de trazer ao pensamento várias questões muitíssimo relevantes. E, claro, apesar de toda a complexidade, tem ainda o dom acrescido de ser absolutamente viciante, o que reforça ainda mais o impacto de todas as suas muitas qualidades.


Não seria eu se não tivesse pelo menos um livro deste autor na minha lista. Situado no mesmo universo da Trilogia dos Espinhos, mas abrindo uma nova história com novos protagonistas, tem as mesmas qualidades dos livros anteriores, a começar pela escrita fascinante e poderosa (daquelas que dão vontade de começar a tomar nota das inúmeras frases brilhantes), e acrescenta-lhe novas personalidades e um protagonista tão moralmente ambíguo como Jorg Ancrath... mas com um pendor bastante mais divertido.


Ah, Sarkan... Começa logo aí a magia desta tão fascinante história. Sarkan, com a sua personalidade ambígua e o peso de uma responsabilidade tão grande nos seus ombros, em contraponto com a impulsiva Agnieszka, com os seus misteriosos talentos. É um daqueles livros que se entranha aos poucos, com cada novo desenvolvimento a aproximar-nos mais das personagens e com os mistérios do seu fascinante mundo a tornarem irresistível a vontade de saber como tudo terminará. Cheio de magia e de beleza, uma história que fica na memória... quase como se a tivéssemos ouvido à lareira, há muito, muito tempo.


Parece ser algo característico desta autora, a construção de personagens que se nos entranham no coraçãozinho. E Nicolau é particularmente propício a isso. Mas há mais: há a beleza da escrita, há um contexto cuidadosamente explorado e há uma história pessoal que é muito mais que apenas a de Nicolau, expandindo-se a toda a sua família, num conjunto de perdas e sofrimentos, mas também de descobertas e de superações. Algo de belo, em suma, e mágico também, à sua maneira.


Uma saga repleta de aventuras, dificuldades, sofrimentos... e emoção, muita emoção. A autora tem uma capacidade notável de nos fazer sentir as tribulações das personagens como se lá estivéssemos, ao mesmo tempo que retrata um período difícil e repleto de questões relevantes. É fácil sentir com e por Nora e isso multiplica o impacto de todos os momentos - sejam eles felizes ou dolorosos. E o final... bem, o final é poderosíssimo. 


Mais um autor que não podia faltar, não é verdade? Já não é surpresa para ninguém que esta série está entre os meus favoritos incondicionais e este novo volume corresponde inteiramente às expectativas. Embora pareça arrancar com uma perspectiva menos pessoal relativamente à protagonista, Helen Grace é sempre Helen Grace. E o seu carisma, associado à sombra sempre presente do que lhe aconteceu ao longo de caminhos anteriores, faz com que a história ganhe uma intensidade profunda, mesmo quando o caso parece não a envolver tão directamente. Irresistível, como sempre. 


E por falar em favoritos incondicionais... Kim Stone é também uma personalidade notável no que toca a policiais e, por isso, está para mim quase ao mesmo nível que Helen Grace. Partilham, aliás, uma personalidade invulgar. Neste livro, Kim Stone revela muitos dos seus demónios pessoais, num caso que é, só por si, bastante maquiavélico e perturbador. O resultado? Uma leitura viciante - que é mesmo a única coisa previsível neste livro.


Termino com uma mistura de estranheza e beleza, na história da futura Madame Tussaud, contada com mestria, equilíbrio e uma perspectiva tão pessoal e profunda que não há como não sentir as dores e a revolta da pequena Marie, à medida que cresce num mundo à beira da revolução. Maravilhosamente escrito, é em todos os aspectos um livro memorável. 

Resoluções de Ano Novo? Nada de muito especial. Apenas continuar neste mundo que tantas alegrias - e gente fantástica - me tem trazido. Continuar deste lado e continuar a ler o mais possível, pois é esta magia dos livros que me faz realmente feliz. E as esperanças de sempre, claro, que são um cliché, mas não deixam de ser verdade: paz, trabalho, amizade e aquele bocadinho de luz que torna a vida um pouco melhor a cada dia.

Um feliz 2019 para todos - e que nunca nos faltem os livros para nos fazerem companhia! 

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