Das peculiaridades e situações caricatas da vida em sociedade tratam os quatro contos deste pequeno livro. Diferentes, quer na forma de escrita quer na abordagem às circunstâncias que narram, têm em comum uma visão apurada de certas particularidades das interacções sociais e de alguns preconceitos vigentes, bem como um interessante toque de humor. Mas vamos por partes.
O primeiro conto é Na Mó de Cima, de James Thurber, e trata de um homem que, irritado com os ditos peculiares de uma colega de trabalho (entre outros crimes), decide "apagá-la". Caricato e intrigante, apresenta uma escrita envolvente e um enredo tão curioso como as suas personagens, culminando numa vingança surpreendente.
Segue-se O Nível de Vida, de Dorothy Parker, história de duas amigas e de um jogo de possibilidades. Bastante descritivo e, consequentemente, de ritmo lento, apresenta, ainda assim, uma ideia interessante, sendo particularmente curioso nas representações e tribulações da amizade. Peculiar, mas envolvente e com um final bem desenvolvido, uma boa história.
Em O Colar de Pérolas, de W. Somerset Maugham, uma mulher conta, durante um jantar, um episódio sucedido num outro jantar. Peculiar e estranhamente cativante, com o tom descontraído da narração a reforçar a estranheza das circunstâncias, surpreende principalmente pelo toque de mistério e a questão dos possíveis finais. Também muito bom.
O último conto é Uma Rapariga de Red Lion, P.A., de H.L. Mencken, e conta a história de como um cocheiro honesto conhece uma jovem decidida a arruinar-se. Também com um ritmo pausado, mas cativante pela estranheza da situação, trata-se de mais uma história caricata, mas muito bem conseguida e com uma interessante reflexão sobre a inocência e as mudanças de mentalidade.
Fica, do conjunto destes quatros contos, a melhor das impressões. Relativamente simples, mas certeiros nas observações que fazem da sociedade e, ao mesmo tempo, leves e de leitura agradável, proporcionam uma leitura descontraída e cativante, com algumas surpresas e a medida certa de humor. Recomenda-se, portanto.
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