Histórias de tempos de guerra, mas mais de conflitos pessoais que propriamente entre exércitos, definem os dois contos deste pequeno livro. De autores igualmente conhecidos, mas muito diferentes tanto em estilo de escrita como na abordagem ao tema, também as duas histórias se diferenciam pela forma como os seus protagonistas e narradores vivem e observam os acontecimentos. A guerra é o cenário, mas não define o enredo essencial, já que esse diz respeito à história individual das personagens. É essa história individual o mais importante.
O primeiro conto é também o melhor dos dois. O Tiro, de Aleksandr Pushkin, trata de um homem de perícia invulgar e da sua recusa em participar num duelo. De ritmo pausado, com bastante descrição, trata-se, ainda assim, de uma leitura envolvente, intrigante pelo mistério criado em torno dos motivos e do passado do protagonista. Marca também pelos momentos de grande intensidade e pelo tom enigmático que contribuem para o grande impacto do final.
Bem diferente é A Corte a Dinah Shadd, de Rudyard Kipling, onde planos e manobras de batalha dão ao conto um ritmo lento, em que a componente descritiva parece, por vezes, excessiva. Denso e confuso, demora demasiado a alcançar o essencial da história, já que a linha essencial do enredo se revela já numa fase bastante avançada, deixando por explicar algumas questões relevantes. Tem os seus momentos interessantes, é certo, mas fica a ideia de um conto pouco cativante, ainda que bem escrito.
Terminada a leitura, ficam sentimentos ambíguos, pela grande diferença que separa os dois contos, não apenas nos estilos de escrita, mas principalmente na envolvência do enredo. Fica, ainda assim, e apesar de um segundo conto aquém das expectativas, a ideia de uma leitura que valeu a pena, principalmente devido ao primeiro conto.
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