sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Novidade Quetzal


Entre a comédia mais tresloucada e a reflexão filosófica mais pertinente sobre uma sociedade e os seus vícios, sobre as relações familiares e o papel do entretenimento nas nossas vidas, A Piada Infinita é um daqueles raros romances que inauguram um novo género no momento em que são publicados. 
Situada num futuro próximo, a acção de  A Piada Infinita decorre entre a academia de ténis Enfield e a Ennet House, uma clínica de reabilitação de alcoólicos e toxicodependentes, em que o leitor acompanha a desestruturada família Incandenza. No centro da narrativa está um filme realizado por James Orin Incandenza Jr., intitulado precisamente  A Piada Infinita, do qual se diz que deixa os espectadores num estado de apatia permanente, incapazes de se preocupar com outra coisa que não seja ver o filme novamente.
Sátira aos costumes da sociedade de consumo, devaneio pós-moderno contra os excessos do pós-modernismo, lírico e erudito, lúdico e realista, A Piada Infinita, nas suas contradições e fôlego imenso, é um livro que escapa a qualquer definição e, mais do que uma obra sobre o nosso futuro colectivo, parece uma obra vinda de um universo diferente do nosso, justificando o que a romancista Zadie Smith escreveu sobre Wallace: “Um visionário, um artesão, um cómico e tão sério quanto se pode ser sem escrever um texto religioso. É tão moderno que parece habitar um contínuo tempo-espaço diferente do nosso. Maldito seja.”

David Foster Wallace nasceu em 1962, Ithaca, Nova Iorque. Estudou Inglês e Filosofia e, durante a adolescência, foi praticante federado de ténis, uma actividade que viria a ser essencial na sua obra de ficção e não  ficção. Publicou o primeiro romance, The Broom of The System, em 1987, um livro influenciado por um dos seus ídolos literários, Thomas Pynchon, e que recebeu críticas bastante positivas da imprensa na altura. O segundo romance só apareceu nove anos depois, na forma das mais de mil páginas do colossal, delirante e inovador Infinite Jest (A Piada Infinita, na tradução portuguesa). A revista Time considerou-o um dos 100 melhores romances de língua inglesa publicados desde 1923. No período entre a publicação dos dois romances, Wallace deu aulas de literatura no Emerson College, em Boston, escreveu contos e artigos para a imprensa, entre os quais o muito influente “E Unibus Pluram: Television and U.S. Fiction”, uma reflexão sobre as tendências da nova ficção americana. As colectâneas de ensaios e artigos jornalísticos A Supposedly Fun Thing I’ll Never do Again (1997) e Consider the Lobster (2005) confirmaram Wallace como um dos escritores mais originais da sua geração, capaz de transformar um texto sobre o tenista Roger Federer numa obra de arte. O sucesso e o reconhecimento da crítica e do público não aliviaram, porém, os problemas de depressão que Wallace enfrentou ao longo de toda a vida. Em 2008, com apenas 46 anos, David Foster Wallace suicidou-se. Com base no trabalho que deixou incompleto, o seu editor norte-americano decidiu publicar, em 2011, o romance póstumo  The Pale King, o testamento literário de um génio da literatura universal.

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