quinta-feira, 3 de junho de 2010

Angelologia (Danielle Trussoni)

É no convento de Santa Rosa que Evangeline se sente segura e em paz. Desde muito cedo, foi ali o seu refúgio, a sua casa. Mas quando recebe uma carta de Verlaine, que, a pedido de um cliente, pretende investigar a antiga correspondência entre a poderosa Abigail Rockefeller e a falecida Madre Innocenta, Evangeline acabará por se ver envolvida numa teia de conspirações e intrigas, onde um artefacto de origem celestial pode mudar, numa só nota, todo o sentido do mundo. De um mundo onde os anjos são o inimigo e todas as forças têm de ser mobilizadas para os afastar dos seus objectivos.
Complexo, detalhado, mas com uma escrita bastante fluída, este é um livro que prende desde os primeiros capítulos. Cheio de enigmas por desvendar e com uma história que abrange décadas, contém, ainda assim, grande parte da acção no espaço de um único dia. E a forma como a autora inicia a sua história com os eventos desse dia, para depois recuar ao passado - onde o conhecimento se oculta nas memórias - e concluir com uma nova sequência de acção que é simplesmente viciante fazem com que este livro nunca se torne monótono.
Com uma abordagem vasta e detalhada da mitologia angelical, é no desenvolvimento das possibilidades e teorias por detrás de cada segredo que esta obra encontra o seu ponto forte. Mas os outros elementos não são descurados: a caracterização das personagens é variada e interessante, sendo particularmente marcante nas figuras de Celestine Clochard e Gabriella Lévi-Franche. Aliás, a relação entre estas duas mulheres e os elos destas mulheres com vários dos intervenientes da trama proporcionam vários momentos marcantes ao longo desta leitura.
Uma última nota, para a forma como a história se conclui. As surpresas e revelações são uma constante neste livro e se, tendo em conta esses factos, parte do que sucede com Evangeline poderia ser previsto, a conclusão não peca por essa previsibilidade já que, entre as repostas facultadas e o muito que acaba por ser deixado em aberto, o que este final acaba por deixar é a vontade de saber (ainda) mais sobre a "guerra" entre Nefilins e angelologistas.
Leitura compulsiva, em suma, agradável na sua totalidade e fascinante pela sua complexidade, aliada à curiosa e intrigante ideia de um mundo discretamente governado pelos anjos. Uma boa surpresa e uma aposta altamente recomendável.

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