Passaram anos, mas prossegue a guerra. E as vidas de Pug, Tomas e Martin, que eram apenas rapazes quando os conhecemos no volume anterior, seguiram agora diferentes rumos, transformando-os em homens, mas não necessariamente naquilo que haviam sonhado ser. Pug terá de descobrir a verdadeira natureza do seu poder. Martin a sua origem. Tomas o controlo sobre um dom que traz consigo grande responsabilidade. E tudo isto no auge de um conflito onde tudo pode mudar num breve instante.
Se, no primeiro volume desta saga, o detalhe descritivo poderia tornar a leitura um pouco mais lenta, isso é bastante menos provável neste livro. O detalhe e a complexidade do enredo e dos cenários continuam a ser uma constante, mas o facto de conhecermos já uma boa parte das personagens, bem como as constantes reviravoltas da situação, tornam este livro numa leitura rápida e de ritmo compulsivo.
Tudo é explorado. Tudo é desenvolvido. Desde às provações interiores de cada personagem aos grandes eventos da guerra, todos os elementos são caracterizados de uma forma completa e fascinante. Momentos de emoção, acção intensa e situações imprevistas fazem parte do todo complexo e envolvente que torna este livro tão cativante. Aqui, a provação de Pug na revelação de quem é e em que consiste o seu poder, descrita de uma forma tão precisa que quase nos podemos imaginar no lugar do jovem mago, surge como uma situação particularmente relevante.
Mas não são só os grandes momentos e as mudanças imprevistas - ao longo deste livro, há situações que, num breve instante, alteram por completo o rumo dos acontecimentos. São tão bem os pequenos diálogos, os elos estabelecidos entre as várias personagens e o próprio carácter de cada um deles. Desde as inseguranças de Lyam à algo soturna determinação de Arutha, há toda uma variedade de personalidades e temperamentos, dando ao leitor algo com que se identificar. E, num livro onde muito é imprevisível, a forma como esta história encontra o seu fim, resolvendo alguns problemas, mas deixando também alguns enigmas por explorar, deixa na mente uma curiosidade inevitável, uma vontade de saber mais que acaba por fazer com que a história permaneça na memória.
Ainda e mais uma vez, uma nota positiva para o impecável trabalho de tradução de Cristina Correia. Se já o primeiro volume, descritivo e com uma escrita elaborada, deverá ter sido um desafio, neste livro existem momentos verdadeiramente impressionantes de descrição e acredito que não terá sido um trabalho nada fácil.
Um livro envolvente e viciante, apesar da sua complexidade, e que seguramente agradará a quem gostou do primeiro volume. Por aqui, espera-se com grande curiosidade a publicação de novas obras deste autor.
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