sexta-feira, 8 de abril de 2011

Misery (Stephen King)

Paul Sheldon, escritor, decidiu afastar-se da sua série de maior sucesso - as aventuras de Misery Chastain - para se dedicar ao que considera literatura séria. Mas um grave acidente de viação deixa-o com as pernas destroçadas e à mercê da sua salvadora: Annie Wilkes. O problema é que, além de ser a fã número um das histórias de Misery, Annie Wilkes sofre de graves perturbações mentais. E, completamente indefeso, as alternativas de Paul resumem-se a fazer a vontade de Annie e escrever uma nova aventura de Misery... ou sofrer as consequências da sua recusa.
Algo de particularmente impressionante neste livro é a forma como, quase desde as primeiras páginas, o autor consegue transportar o leitor para a posição de Paul. A confusão inicial, a reacção à dor, a carência provocada pelos medicamentos... e, claro, o medo progressivamente mais intenso, a crescente perturbação que, por momentos, roça a loucura ou a subjugação total, são explorados com uma intensidade tal que se torna difícil interromper a leitura, sendo constante a vontade de saber o que acontecerá a seguir e, principalmente, se será possível alguma vez tal situação acabar bem.
Alternando situações de grande tensão psicológica com o lado mórbido das situações mais físicas, o livro cresce em intensidade também na medida em que a caracterização de Annie, seus distúrbios e seu passado, vai sendo aprofundada. As revelações parciais da fase inicial (frases inacabadas e estranhos desabafos da parte de Annie) criam uma curiosidade crescente que contribui também para despertar no leitor as dúvidas e apreensões que dão intensidade a esta leitura. E, ao ver esta caracterização pelos olhos de Paul, há comparações que vão sendo apresentadas (sendo a da deusa particularmente intrigante) e que criam uma imagem de maior poder para uma figura que, apesar de tudo, é essencialmente humana.
Ainda uma referência à posição de Paul perante a literatura - e à forma como esta é explorada. Apesar da sua inclinação para a literatura "séria", a necessidade de escrever um novo romance sobre Misery funcionará também como uma descoberta pessoal sobre as verdadeiras relações do protagonista com a sua obra, e este é um aspecto que, na evolução do enredo, acaba por funcionar como uma boa "pausa" para reflexão.
Viciante da primeira à última página, uma história intensa e perturbadora, com momentos verdadeiramente arrepiantes, mas também com aquele toque de reflexão que parece tornar o livro mais completo. Intenso. Sombrio. E muito bom.

1 comentário:

  1. Deixei um teste para tu fazeres. Para o fazeres vai a http://showmagic-k.blogspot.com/2011/04/marcados-desafio-do-blogue-amor-imortal.html#comments , Tens de o copiar escreves as tua respostas, mas primeiro apagas as minha r.

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