A duquesa de Carlton esperou pelo marido durante sete longos anos, depois da batalha de Waterloo. Mas, ao fim desse tempo, decidiu prosseguir com a sua vida e casar com Tristan, amigo constante por quem passara a nutrir sentimentos mais fortes. Mas, um dia, o marido desaparecido regressa, determinado a recuperar tudo o que lhe pertence - incluindo a esposa. E parte da escolha estará também nas mãos de Sophie. Mas como escolher, se, de formas diferentes, ama ambos?
Tendo como linha central do enredo um triângulo amoroso, existem alguns aspectos no desenvolvimento deste livro que são algo previsíveis, principalmente no que toca à atracção das figuras masculinas. Ainda assim, a autora consegue desenvolver este aspecto de uma forma bastante satisfatória, moderando os aspectos mais sexuais da relação para explorar mais as diferenças de personalidade e marcas no passado de ambos os homens, bem como as mudanças operadas na forma de pensar e agir da própria Sophie. Claro que há grandes divergências entre Tristan e Garrett, sendo quase inevitável uma total simpatia para com o primeiro, já que Garrett regressa profundamente alterado, agressivo e com laivos de tirania - ainda que até este seu aspecto sirva um propósito maior no desenvolvimento da história.
O lado mais interessante deste livro está, portanto, na linha de acontecimentos mais afastada do romance. A figura de Fisk, inspiradora de confiança para uns e de desprezo para outros, com o seu esquema de manipulação e os seus objectivos inexplicáveis, contribui para um enredo mais rico em vários aspectos: tanto na união entre ambos os rivais, como na descoberta de memórias importantes, e também na construção das vontades de Sophie e na redenção do próprio Garrett.
Também não é difícil prever as linhas essenciais do final, mas, mais uma vez, a autora consegue compensar este aspecto mais previsível com uma série de perguntas que são deixadas sobre figuras secundárias da narrativa (bem como sobre Fisk e o próprio Garrett) e também com a construção de uma conclusão que, dentro de uma certa medida, insere nas linhas gerais do expectável uma certa medida de ambiguidade, já que mesmo um final feliz nunca é feliz para todos...
Ainda que nalguns aspectos, siga a linha de outros romances do género, Um Toque de Perversão apresenta uma história intrigante e bastante envolvente, onde o romance e a atracção física não são os únicos elementos de destaque, proporcionando uma leitura leve e agradável, com as medidas certas de mistério e emoção.
Sem comentários:
Enviar um comentário