Filosofia e sexualidade, numa mistura com muito de absurdo, algo de divertido e algumas reflexões intrigantemente certeiras. São estes os elementos essenciais deste O Supermacho, livro que, nas suas cem páginas, cruza elementos tão diferentes e de uma forma tão peculiar que a reacção inicial de estranheza não pode senão dar lugar a um quase inevitável interesse.
Tendo como ponto de partida uma intrigante reflexão sobre o amor (e não, não se trata do amor romântico), cedo o rumo da obra se define como uma (algo delirante) reflexão sobre as capacidades da força humana. Ou sobrehumana. E isto aplica-se tanto às capacidades de resistência física em geral (aspecto particularmente explorado no muito interessante capítulo dedicado à corrida), mas principalmente às capacidades sexuais de um protagonista... peculiar. Na verdade, há uma interessante fusão de interesse académico e exploração carnal na linha de raciocínio (e de acção) de André Marcueil, linha que se torna mais nítida através da farsa por este planeada para consumar fisicamente o que começa por ser uma teoria muito sua.
Nada há de linear no enredo deste livro. Divagações, trocas de opiniões, actos que, na sua ambiguidade, podem ou não ser tidos como reais ganham forma num livro onde o improvável serve tanto de diversão como de reflexão. E é, no fundo, neste imaginário ambíguo, duro nalguns aspectos, enquanto que, nalguns breves momentos, consegue roçar uma certa ternura e até mesmo uma insinuação de trágica inevitabilidade, que reside a grande força desta obra, onde tudo pode ser interpretado de múltiplas e variadas formas.
Interessante, complexo (apesar da brevidade) e, ainda assim, de leitura cativante, um livro onde muito é questionado e ponderado. E, por isso, um estímulo à reflexão na memória do leitor.
péssimo livro
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