Para Katniss, as dificuldades não acabaram com a conclusão dos Jogos da Fome. O que, para si, foi apenas um acto desesperado, representa para o Capitólio um desafio e um apelo à rebelião. Assim, Katniss vê-se agora na necessidade de persuadir o Capitólio da sua inocência, enquanto os primeiros indícios de motins começam a revelar-se reais e as consequências de uma revolta se anunciam como devastadoras.
Depois de um primeiro livro fascinante em todos os sentidos, Suzanne Collins não desilude com este Em Chamas. E se o ritmo é, inicialmente, mais lento que em Os Jogos da Fome, essa maior contextualização acaba por se revelar como uma preparação para um enredo que cresce em ritmo e intensidade de acontecimentos, para culminar num final que deixa tanto por saber que é quase impossível não querer ter o terceiro livro à mão para voltar de imediato a este mundo.
Katniss continua a surgir como uma personagem interessante e com vários elementos de empatia. Forte e bastante persistente, mas apesar de tudo com as suas imperfeições, que se reflectem numa certa hesitação quanto a algumas escolhas, Katniss surge neste livro como reflexo de uma inocência em que só ela acredita. Desde cedo nesta série que a população é apresentada como simples peões à disposição das vontades do Capitólio. Mas aqui, quando a revolta parece pairar como uma ameaça constante aos poderes estabelecidos, todos os actos de Katniss - mesmo os que ela julga absolutamente inocentes - recebem, na mente de quem a observa, um sentido maior, e a jovem acaba por ser, no fundo, a mais inocente em todo este jogo de medo e manipulação.
Mas não é Katniss a única personagem interessante. Num cenário onde - e ainda que inicialmente parecesse impossível - todas as ameaças se agravam, outros há que revelam o seu verdadeiro valor (ou falta de), desempenhando o papel que as circunstâncias deles exigem. Aqui, destacam-se as figuras de Haymitch (com as revelações a ele associadas), Cinna (com o seu momento de glória na criação especial que produz para Katniss) e, como não podia deixar de ser, Peeta, com a sua bondade quase demasiado especial para um mundo tão negro.
A esta interessante caracterização de personagens, junta-se um enredo que se torna progressivamente mais viciante, e onde a dúvida, o medo e a iminência da morte se conjugam com a necessidade de fazer o que está certo, num resultado que é uma história muito cativante e que encerra com a promessa de ainda novos acontecimentos surpreendentes.
Com uma escrita fluída, personagens interessantes e um enredo que proporciona uma leitura simplesmente compulsiva, Em Chamas reúne o melhor de Os Jogos da Fome, ao mesmo tempo que prepara território para o que virá no terceiro (e último) volume, deixando no ar uma imensa curiosidade em saber como tudo acabará. Viciante, surpreendente... muito bom.
Carla diz-me uma coisa, denotei que houve um espaço de tempo relativamente longo entre os lacamentos do primeiro e segundo livro, um ano. Achas que vamos ter de esperar o mesmo tempo pelo terceiro livro?
ResponderEliminarÉ sou sincera, estou cheia de curiosidade de pegar nesta trilogia, mas não queria esperar tanto tempo entre os volumes… Obrigado, beijinho*
Espero que não, mas honestamente não faço a menor ideia. Entre o primeiro e o segundo foi um ano precisamente, tenho esperança de que seja menos entre este e o último. :)
ResponderEliminarDevo admitir que quando ouvi falar da sequela tive um misto de curiosidade e receio, em especial porque aquilo que me atraiu no primeiro foi o conceito de battle royal pós-apocalíptica e temia que ele não houvesse no segundo, mas como a sinopse garantiu que ela continuaria fiquei mais tranquilo.
ResponderEliminarFoi interessante ver como a vida de Katniss e Peeta mudou ao tornarem-se vencedores e mesmo o triângulo amoroso (para os quais normalmente não tenho muita paciência) foi interessante. Tal como no primeiro gostei de algumas personagens secundária com o Haymitch, Finnick e Johanna, porém, comecei a perder a paciência com a estupidez de Katniss! Sim, ela é astuta, corajosa e boa lutadora, porém, demora imenso tempo a entender os esquemas.
As única grande falhas foi a competição propriamente dita que é muito mais fraca que a primeira.
Embora esteja ansioso para ler o terceiro (com um final daqueles quem não estaria…) desconfio que não gostarei tanto… Dito isto, acho que tanto tempo entre lançamentos rasa a crueldade.
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Este livro deixou-me muito intrigada em relação à vida amorosa da Katniss!
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Olhem, eu gostei! Ok, que a Katniss parece uma adolescente maluca com as hormonas aos saltos... mas, na verdade, era só o que ela devia ser, né? De resto, uma boa revira-volta na história, que nos faz querer devorar o último livro. Vou começá-lo brevemente (estou um bocado atrasado em relação a vocês...).
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