quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Coleccionador de Chuva (Julia Stuart)

Balthazar Jones é um dos guardas da Torre de Londres e, como tal, vive na fortaleza, na companhia da sua esposa, Hebe Jones, funcionária da secção de perdidos e achados do Metro e de uma tartaruga centenária. Tem também o estranho hábito de recolher e coleccionar amostras com os diferentes tipos de chuva. E, entre situações tão estranhas como a de um guarda assombrado pelo fantasma de Sir Walter Raleigh e do segredo de um sacerdote que, sob pseudónimo, escreve literatura erótica, as coisas vão ficando progressivamente mais improváveis, a partir do momento em que a rainha decide que a Torre passará a receber os animais oferecidos pelos líderes de outros países.
Improvável, mas muito divertido e com momentos bastante ternos, este é um livro que cativa pelas suas peculiaridades. Na verdade, é a dificuldade em imaginar que tantas situações caricatas se pudessem reunir num só local e em tão pouco tempo que torna esta leitura tão divertida. Desde o estranho namoro do tratador de corvos com uma cozinheira medíocre, aos hábitos de Hebe e Valerie, as funcionárias da secção de perdidos e achados, ao interesse relutante desta última no pica-bilhetes que, durante muito tempo, não teve coragem de revelar o que sentia e, claro, às peripécias provocadas pela mudança dos animais para a Torre, são muitas as situações peculiares que a autora conta de forma leve e descontraída.
Mas há mais neste livro. Por detrás desta base divertida, de leitura viciante, há momentos de ternura e de amor, de perda irreparável e improvável reencontro que, ainda que sem perturbar a leveza geral da história, acabam por lhe dar um pouco mais de profundidade. Isto é particularmente evidente na história de Milo, o filho de Hebe e Balthazar, que, apesar de morto, permanece como uma presença intensa nos actos dos seus pais. Está também nas pequenas descobertas de Hebe e Valerie esta força emotiva associada a recuperar algo que se julgaria irremediavelmente perdido, neste caso na forma de uma urna com cinzas e de um cofre com um manuscrito precioso.
Intrigante e cativante na forma como a autora mistura momentos de humor e momentos de ternura, ao mesmo tempo que dá a conhecer vários dos aspectos e curiosidades associados à Torre de Londres. Uma leitura agradável e descontraída, mas com muito de interessante para descobrir.

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